A “democracia” no Brasil funciona assim: os dois blocos majoritários (PT de um lado, PSDB-PFL de outro) monopolizam as TVs e jornais, convencendo os trabalhadores e jovens de que têm que votar em um deles, porque assim todos seus problemas estarão resolvidos. Uma dupla mentira. Primeiro, votar não vai resolver nenhum dos problemas mais importantes do país. Por fim, votar em qualquer um destes dois blocos é votar na mesma proposta.

Eles têm um evidente acordo programático: o governo Lula é uma continuidade econômica de FHC. Alckmin, por sua vez, não tem como apresentar nenhuma proposta diferente.

Na corrupção, os governos do PT e do PSDB-PFL também são idênticos. Até na questão da violência urbana são semelhantes: Lula chegou a declarar que o governador Lembo (PFL) “fez o que podia fazer”.

Estes dois blocos majoritários têm um outro acordo: encaminhar todas as crises e insatisfações para as eleições. Querem evitar que os trabalhadores e jovens busquem a resolução de seus problemas pela via das mobilizações. Para um país que viveu a enorme crise política do ano passado, pode parecer surpreendente ter chegado à atual situação de calma aparente.

A explicação é o acordo entre esses blocos majoritários para que tudo fosse resolvido nas eleições. O PT, em particular, como ainda tem bases populares importantes, em função da ajuda da CUT, da UNE e do MST, conseguiu evitar a explosão de grandes mobilizações, e canalizou tudo para a via morta das eleições.
No entanto, nem tudo acontece como querem estes partidos. As mobilizações atuais do funcionalismo e dos operários da Volkswagen e GM indicam uma disposição de luta maior do que as direções da CUT puderam conter. Agora, vão buscar derrotar essas lutas, ou evitar que se enfrentem com o governo Lula.

Pode ser que o ano de 2006 não seja só marcado pelas eleições, mas que existam mobilizações muito importantes. O PT, a CUT e a UNE não puderam evitá-las, tampouco impedir a fundação da Conlutas. Esta entidade nacional foi formada exatamente para ser uma nova alternativa para as lutas dos trabalhadores, perante a traição da CUT e da UNE. Nessas mobilizações, desde a marcha do funcionalismo federal em Brasília no dia 1º de junho, até cada uma das mobilizações nos estados, veremos as bandeiras, adesivos e faixas da Conlutas e seus ativistas propondo a unificação de todas as lutas.

É preciso dar também uma resposta no terreno eleitoral. O PT, assim como o PSDB-PFL, não queria que os trabalhadores e a juventude tivessem alternativas a eles. Da mesma forma como as mobilizações estão superando o bloqueio destas direções, é necessário expressar nas eleições uma alternativa dos trabalhadores contra Lula e Alckmin.

É preciso construir uma frente classista e socialista para as eleições de outubro. E é preciso que esta frente seja a expressão destas mobilizações diretas, que se enfrentam com a burguesia e os governos do PT e do PSDB-PFL.

Post author Editorial do Opinião Socialista 260
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