O PSTU não tem procuração, nem toma como sua a tarefa defender a deputada estadual Janira Rocha, do Rio de Janeiro. A deputada não é militante do PSTU, é deputada do PSOL, partido ao qual compete a defesa de seu mandato, em primeiro lugar. Tampouco temos, no PSTU, conhecimento das decisões e do funcionamento do gabinete da parlamentar. Temos em geral uma concepção de mandato diferente de Janira e do PSOL. Não temos, portanto, qualquer compromisso ou responsabilidade sobre o mesmo.
O PSTU tampouco está ou esteve de acordo com a administração da deputada quando esta esteve à frente do SINDSPREV/RJ. Em muitas questões relacionadas à condução do sindicato tivemos e temos opiniões diferentes e opostas as da deputada. Mas entendemos que os problemas do sindicato devem ser resolvidos nas instâncias da entidade, pelos trabalhadores da categoria que ele representa. Apenas eles têm legitimidade para decidir o que deve ser feito na entidade e para adotar medidas em relação a seus dirigentes.
No entanto, frente às informações disponibilizadas até este momento e amplamente divulgadas pela mídia, não podemos deixar de manifestar nossa opinião frontalmente contrária à verdadeira campanha desencadeada contra a deputada por alguns de seus pares na ALERJ e por setores da mídia. Trata-se da uma campanha a serviço da defesa da cassação do seu mandato em função de informações de que ela teria usado recursos de um sindicato – o SNDSPREV/RJ – em sua campanha eleitoral.
Este motivo não justificaria a medida proposta. Um dos grandes financiadores da campanha do governador Sérgio Cabral foi a empreiteira Delta, que depois se beneficiou de negócios escusos com recursos públicos administrados por este mesmo governador. Assim aconteceu com a campanha da ampla maioria dos deputados do Rio e do Brasil: todas financiadas por bancos, empreiteiras e grandes empresas. Isso pode, mas um eventual apoio de um sindicato é motivo de cassação? Não passa de pura hipocrisia defender a cassação do mandato da deputada em base a este argumento. Deputados corruptos a serviço de um governo de estado corrupto não têm a mínima moral para discutir sobre esses temas.
Na verdade o que está por trás dessa campanha é a tentativa de eliminar um mandato que tem apoiado às lutas dos trabalhadores do Rio, como a greve dos bombeiros e da polícia militar e dos operários da COMPERJ, apenas para dar dois exemplos. E que tem denunciado a corrupção do governador Sérgio Cabral e seus pares. O ataque à Janira não é pelos erros que porventura ela tenha cometido. Mas por seus acertos em apoiar a luta dos trabalhadores. Querem calar ou eliminar o mandato da deputada, assim como querem criminalizar as lutas e organizações da classe trabalhadora, a exemplo do que vemos neste momento na repressão aos professores do Rio, na prisão das lideranças dos Black Bloc e na repressão às mobilizações de 7 de setembro.