Há tempos o PSTU vem defendendo a necessidade de unir toda a esquerda socialista e a militância dos movimentos sociais para construir um Novo Partido, dada a degeneração do PT, que, como instrumento da classe trabalhadora para uma verdadeira transformação social no país, morreu. Esse Novo Partido é uma necessidade dos trabalhadores e da juventude e, nesse sentido saudamos a disposição da Senadora e dos setores que se reuniram no Rio para discutir esse assunto.
A reunião que tivemos com a Senadora e o ex-deputado Milton Temer, no entanto, nos deixou muito preocupados. Fomos informados aí que a reunião da tarde da qual estávamos excluídos já definiu como será o funcionamento do Novo Partido, que tal decisão não é passível de debate e nem de posterior decisão ou definição em um fórum com a participação da base. Os companheiros já definiram que o Novo Partido funcionará nos moldes do PT, com tendências permanentes.
O PSTU defende um partido com direito de tendências, mas não defende o funcionamento em base a tendências permanentes, que é o funcionamento do PT, o qual consideramos anti-democrático. Pois, não permite que a base decida e menos ainda controle a cúpula, figuras públicas, parlamentares, etc, que fazem o que bem entendem à revelia da militância.
É legítimo que os companheiros defendam essa forma de funcionamento, assim como é legítima a posição defendida pelo PSTU e outros setores. O que não é correto e é um grave erro em nossa opinião, é que os companheiros não permitam que este tema seja discutido e definido coletivamente e com a participação da base. Esse não é um comportamento adequado se queremos construir um partido profundamente democrático, controlado pela sua militância.
Afinal, o funcionamento, assim como a estratégia e o programa, encerram uma concepção de Partido e são todos temas que devem ser debatidos e definidos democraticamente por toda a militância que quer construir esse partido. O exemplo do PT é claro: a forma de seu funcionamento responde à estratégia desse partido de priorizar as eleições e a institucionalidade burguesa em detrimento das lutas e organização dos trabalhadores em direção a uma transformação socialista.
Mas nós, do PSTU, continuamos considerando fundamental a unidade, a construção de um movimento unitário por um Novo Partido, no qual não apenas as correntes, mas toda militância que não pertence a nenhuma corrente, participe e tenha o direito de discutir e definir o Novo Partido.
É com esse espírito que vamos analisar o que a Senadora Heloisa Helena e o ex-deputado Milton Temer nos informaram. Vamos reunir a direção do PSTU e também debater essa questão com os demais parceiros que conosco estão construindo o Movimento Novo Partido para tomar, nos próximos dias, uma decisão coletiva acerca dessa questão.
São Paulo, 20/01/04
Zé Maria de Almeida
Presidente Nacional do PSTU