Há vários documentários e filmes independentes que ajudam a entender o drama e a luta do povo Palestino em sua resistência contra a dominação colonial de Israel e do imperialismo. Muitos deles enfrentam um escancarado boicote das plataformas de streaming e sequer estão disponíveis no Brasil ou em português. Mas aqui vamos fazer uma primeira indicação (inclusive adicionando links na maioria deles) com a promessa de ampliar essa lista assim que possível.
E como tudo o que existe na Palestina, o cinema de lá não é um luxo, mas sim um de seus métodos e instrumentos de resistência que visa contar os fatos que Israel tenta apagar da história, mas jamais conseguirá.
1) Al Nakba: a catástrofe Palestina – 2013
“Al Nakba: a catástrofe palestina” é uma série de quatro partes produzida pela rede de TV Al Jazeera. A série explica as origens da Nakba, a catástrofe da Palestina que se seguiu com a criação do Estado de Israel, e os eventos que levaram à primeira guerra árabe-israelense de 1948. Assistir os episódios é uma boa forma de começar entender as origens da colonização sionista, a limpeza étnica promovida por Israel e o regime de apartheid imposto ao povo palestino. Os episódios estão disponíveis no YouTube com legendas em espanhol.
2) Gaza, um olhar sobre a barbárie – 2018
O impactante curta-metragem de 20 minutos recebeu o prêmio Goya em 2019. O documentário é uma viagem a Gaza, frequentemente bombardeada por Israel. Mostra a vulnerabilidade de quem sofre diariamente a situação de bloqueio e a difícil tarefa de sobreviver.
3) Lemon Tree – 2008
Lemon Tree é um filme de drama dirigido por Eran Riklis e co-dirigido por seu primo Ira Riklis. A trama é sobre a história de Salma Zidane (Hiam Abbass), uma palestina viúva, que vive do pomar de limões que possui na Cisjordânia, criado pelo pai dela 50 anos antes. Ao longo de toda a sua vida, ela regou, cuidou e tratou dos limoeiros. Um dia, mudam-se para a bela casa do lado israelense o próprio ministro da Defesa do país, Israel Navon (Doron Tavory), e sua mulher Mira (Rona Lipaz-Michael). O serviço secreto israelense decide que é preciso botar abaixo os limoeiros, para garantir a segurança do ministro. Salma decide resistir como for possível. Imperdível.
4) Paradise Now – 2005
Esse fabuloso filme palestino traça um comovente perfil de jovens que se voluntariam como homens-bomba. Produzido por Palestina, Holanda, Alemanha e França, Paradise Now (Paraíso Agora), dirigido por Hany Abu-Assad, é de uma beleza rara. Não só pela forma como seu dificílimo tema é abordado, mas também pela formidável maneira como foi realizado. Nele, acompanhamos as 48 horas que antecedem o atentado suicida que será feito por dois jovens palestinos, Saïd (Kais Nashef) e Khaled (Ali Suliman). Um incidente na entrada de Israel faz com que os dois que tinham como única pré-condição morrerem juntos se separem, desencadeando situações que acirram a tensão do filme e servem para expor toda a complexidade que envolve a opção que fizeram.
5) A 200 metros – 2022
Dirigido e escrito por Ameen Nayfeeh, o filme retrata as dificuldades diárias encontradas pelos palestinos por causa da ocupação militar e o muro do “Apartheid”, que divide os territórios palestinos ocupados e Israel. Na trama acompanhamos a história de Mustafa (Ali Suliman), um pai que mora na Cisjordânia com sua mãe, a duzentos metros de sua esposa (Lana Zreik) e filhos, que moram em Israel, separados apenas pelo muro da fronteira. Ele cruza o posto de controle e o muro todos os dias para trabalhar, mas por um problema burocrático, é impedido justamente quando seu filho sofre um acidente e fica internado. Inconformado e decidido a buscar caminhos clandestinos e parte em uma odisseia de 200 quilômetros para contornar o muro. O emocionante longa foi a escolha da Jordânia para representar o país no Oscar de 2021.
6) Omar – 2013
O diretor que entregou o impressionante Paradise Now em 2005, na época indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, dirigiu e roteirizou outra grande obra prima. A trama é ambientada na Cisjordânia e conta a história de Omar (Adam Bakri) que vive pulando o muro que divide os territórios a fim de encontrar seus amigos Tarek (Eyad Hourani) e Amjad (Samer Bisharat), que lutam contra a ocupação israelense e, também, para poder passar alguns momentos com sua paixão, Nadia (Leem Lubany).
7) “The Lobby”
Um jornalista disfarçado da Al Jazeera se infiltrou em organizações influentes do lobby israelense junto ao governo norte-americano. Ele rapidamente ganhou a confiança de líderes influentes e filma toda essa gente falando francamente sobre como manipulam a opinião pública, fabricam escândalos de antissemitismo, criam protestos fake (ou seja, pagam pessoas para participar de protestos, fazendo com que pareçam espontâneos e populares), coletam informações de inteligência em nome do governo israelense sobre cidadãos norte-americanos comuns e criam sites anônimos para atacá-los com difamações e táticas sujas, muito sujas.