Na Argentina, no Brasil e no mundo: unir as trabalhadoras e os trabalhadores contra o machismo e a opressão, para fortalecer a luta da classe contra a exploração
Na quarta-feira, 19 de outubro, milhares de mulheres interromperam o trabalho por uma hora na Argentina para protestar contra a onda de feminicídios que vem ocorrendo no país. Horas depois, uma multidão de mulheres e homens saíram às ruas em 138 cidades para pedir o fim da violência às mulheres. Nem mesmo a forte chuva que caía na capital Buenos Aires impediu a manifestação.
Vestidas de preto, com cartazes e faixas nas mãos, e sob a proteção de guarda-chuvas, elas entoavam palavras de ordem como: “Ni uma a menos” e “Vivas nos queremos”, chamando a atenção para essa tragédia que se abate sobre as mulheres, em especial as mulheres trabalhadoras.
O protesto foi uma resposta ao brutal assassinato da jovem Lucía Perez, de 16 anos, ocorrido na cidade Mar del Plata, no dia 9 de outubro, e ganhou adesão internacional. Em São Paulo, o MML (Movimento Mulheres em Luta, filiado à CSP-Conlutas) organizou um ato em frente ao Teatro Municipal, no centro da cidade, que contou com a participação de várias companheiras. Manifestações de solidariedade ocorreram também no Uruguai, Paraguai, Bolívia, Chile, Peru, Panamá, Nicarágua, Guatemala, México e em Paris, na França, demonstrando que não se trata de um problema local.
O crescimento dos casos de feminicídios, estupros e assédios, etc., fruto da degradação social provocada pela decadência capitalista, têm levado as mulheres no mundo todo a protagonizar enormes lutas. Na América Latina, nos últimos meses, explodiram ondas de manifestações contra o machismo e a violência às mulheres em vários países. No Brasil, o estupro coletivo de uma jovem por 30 homens, também gerou revolta e levou milhares de mulheres às ruas em junho. A essas lutas somam-se outras por melhores condições de vida e trabalho e contra a retirada de direitos. Recentemente, a Polônia viveu uma greve geral de mulheres contra a mudança da legislação do aborto. Na Índia, uma greve espontânea de operárias da indústria do vestuário, que envolveu cerca de 100 mil trabalhadoras barrou a reforma da previdência e serviu de preludio da greve geral de setembro no país.
A crise econômica mundial agrava a situação de violência pois impõe um aumento dos níveis de exploração e opressão sobre a classe trabalhadora de conjunto e em especial aos setores mais vulneráveis, como as mulheres, negros e LGBT’s. A ameaça de desemprego, o endividamento das famílias, os cortes nos salários, o empobrecimento geral da classe, deterioram as relações aumentando a insegurança e a violência aos setores oprimidos. A resposta dos governos e dos capitalistas frente à crise tem sido rebaixar ainda mais as condições de vida dos trabalhadores, através dos planos de austeridade e dos ajustes fiscais que flexibilizam direitos e cortam investimentos nas áreas sociais e dos programas de enfrentamento à violência.
Por isso, a luta das mulheres contra o machismo e a opressão deve ser parte da luta geral da classe para derrotar essas medidas e os governos que as aplicam. Por outro lado, a única forma de ser consequente na luta contra o machismo e violência às mulheres é lutando contra o próprio capitalismo e por um governo socialista dos trabalhadores, pois enquanto o Estado estiver a serviço do lucro dos capitalistas, o combate à violência contra as mulheres não passará de promessas vazias.
Por fim, é preciso que a luta das mulheres contra o machismo e suas manifestações seja tomada por toda a classe trabalhadora, homens e mulheres, porque se é verdade que todas as mulheres são vítimas da opressão, são as mulheres trabalhadoras, por sua condição de duplamente oprimidas e exploradas, as que mais sofrem as consequências da violência machista. Além disso, a opressão afeta toda a classe trabalhadora, pois enfraquece a luta contra a exploração capitalista, dividindo os trabalhadores, colocando um setor da classe contra outro.
As mulheres estão dando enormes exemplos de disposição de luta e de solidariedade internacional, é preciso tomar seu exemplo, unir as trabalhadoras e os trabalhadores, numa batalha sem tréguas conta a opressão. “Ni una a menos”: Na Argentina, no Brasil e no Mundo, unir as trabalhadoras e os trabalhadores contra o machismo e a opressão para fortalecer a luta contra a exploração!
por Secretaria Nacional de Mulheres do PSTU