Rebeldia - Juventude da Revolução Socialista
Em meio ao agravamento da pandemia neste início de ano, o comércio liberado, festas de fim de ano todas lotadas e os leitos de UTI se esgotando, a educação e os estudantes são mais uma vez vítimas disso tudo. Na fase vermelha na cidade de São Paulo, o vestibular da Unicamp ocorreu nesta quarta-feira, dia 6, e a Fuvest no domingo, dia 10, em salas lotadas, com pessoas com sintomas leves e pouca ventilação por horas. É uma crise sanitária promovida pelo Estado liberal que prefere voltar o comércio ao seu funcionamento integral, do que se preocupar com a pandemia que voltou a marcar mais de mil mortes por dia.
Precisamos repercutir essa pauta, se nem aulas presenciais são permitidas, como tantos estudantes ficarão aglomerados numa mesma sala que define seu futuro, como se nada estivesse acontecendo? Estudantes da rede pública mal tiveram aulas esse ano, e irão voltar às salas de aula correndo risco de vida para deixar cada vez mais explícita a desigualdade educacional dentro desse sistema.
Pedimos os adiamento dos vestibulares! Adia Enem, adia UNICAMP, adia FUVEST, adia Unesp e todos que forem necessários! É inadmissível seguir como se tudo estivesse normal.
Os estudantes querem mais do que nunca voltar a estudar. E para isso seria preciso uma imensa campanha de vacinação e que tivesse sido feito isolamento para que se criasse alguma possibilidade de garantir esta data da prova, mas o presidente não se mexeu pela vacina e ainda lutou contra a quarentena fake promovida pelo governadores, que agora reabrem tudo quando os casos voltam a explodir.
Não há condições sanitárias mínimas para a aplicação de uma prova que vai aglomerar milhões de estudantes pelo país. Manaus já decretou estado de emergência. Inglaterra e Alemanha que já estão em campanha de vacinação voltaram ao lockdown com uma variante mais contagiosa do vírus. E aqui? Aqui o presidente vai na praia lotada e coloca os estudantes e professores na linha do vírus, assim como os governadores como o Dória com a volta as aulas em 1 de fevereiro.
A pandemia ainda aprofundou e desnudou as desigualdade sócias da educação. Milhões de estudantes, filhos dos trabalhadores, não conseguiram e não tiveram como estudar durante esse período. Enquanto os filhos dos ricos tiveram toda a sorte de benefícios e condições. Isso é uma baita injustiça!
Com o adiamento do ENEM que era pra ser em 2020, cria-se um problema, já que provavelmente a realização da prova seria no semestre que já deveria ter estudante novo matriculado. Estas vagas não podem ser descartadas pois isso agravaria ainda mais as desigualdades e dificuldades de acesso. Talvez tenhamos duas provas relativamente próximas, o que coloca a necessidade das universidades e do movimento estudantil garantirem a manutenção das vagas. O adiamento do ENEM não pode significar nenhuma redução do numero de vagas ofertadas em 2020 e 2021 que significaria uma ataque a educação pública e a vida dos jovens. Queremos todas as vagas para que os estudantes não sejam prejudicados ou não vejam esta competição tão cruel pelo sonho de entrar no ensino superior público se transformar numa disputa ainda maior reduzindo as possibilidades de acessos.
Agora também é fato que esta discussão traz à tona o verdadeiro problema de fundo para os milhões de jovens trabalhadores brasileiros, que é a perversidade do ENEM, que é de fato um filtro social e racial, que impede o acesso do povo na universidade. Não precisaríamos discutir as desigualdades sociais no acesso ao Ensino Superior se o método de ingresso fosse completamente livre e democrático, onde se permitisse que todos ingressassem nas carreiras que sonham. Não teríamos que discutir nada disso, se no Brasil existisse apenas uma educação que fosse pública, gratuita e de qualidade para todos, sem essa mácula e desigualdade entre o ensino público precarizado e o ensino privado caríssimo, onde os filhos dos ricos ganham todas as possibilidades de se dar bem na vida. Alguns trabalhadores até tem possibilidade de acesso à escola privada, mas tem que pagar com grande parte da renda de suas famílias.
A questão é: Educação não devia ser mercadoria! É um direito e tem que acabar com esse povo que só quer ganhar dinheiro a custa do nosso direito. Mas claro tudo isso nos leva a questionar como funciona essa sociedade, onde os ricos se sustentam na exploração dos pobres, na educação vemos apenas um reflexo da profunda desigualdade social que existe no nosso país e que é fruto do próprio sistema capitalista, que nos impede de ter um emprego digno, de viver, de sonhar e em última instancia até estudar.