Secretaria de Negras e Negros do PSTU de Campinas (SP)
O 30 de maio de 2017 é o dia marcado para a votação de cotas étnico-raciais na Unicamp. Esta universidade, assim como a USP, têm sido a “vanguarda do retrocesso” ao não implementar a política de cotas étnico-raciais no ingresso ao Ensino Superior. As cotas são uma reivindicação do movimento negro que têm como objetivo subverter a lógica dos privilégios dados às pessoas brancas pelo capitalismo e por quase quatrocentos anos de escravidão de africanos no Brasil. Privilégios que, para negras e negros, são direitos negados historicamente: desde a não-socialização da propriedade, a falta de acesso ao trabalho “livre” e aos espaços de organização política dos trabalhadores, até a própria questão da sobrevivência, da saúde, do transporte, da moradia, etc.
O vestibular também tem funcionado como esse “mecanismo de barragem”, para usar a expressão de Clóvis Moura, do acesso de negras e negros ao Ensino Superior. Na conjuntura em que vivemos, o movimento por cotas na Unicamp, organizado principalmente pelo Núcleo de Consciência Negra e pela Frente Pró-cotas, conforma um exemplo da onda de resistência que toma corpo entre os estudantes e trabalhadores brasileiros contra o estado geral das instituições burguesas, que criminalizam e perseguem de forma flagrante e racista os ativistas negros, como ocorre atualmente na Unicamp. Nesse processo de luta, já foram conquistadas as cotas raciais na pós-graduação do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, da Faculdade de Educação, do Instituto de Economia e do Instituto de Estudos da Linguagem da Unicamp.
A proposta de cotas étnico-raciais na Unicamp, tal como consta no relatório elaborado pelo Grupo de Trabalho institucional das audiências públicas sobre cotas realizadas em 2016 nessa universidade, como fruto da luta do movimento negro estudantil, aponta para a formação do vestibular indígena e para a reserva de vagas proporcionais à população negra do Estado de São Paulo (37,2%, segundo o PNAD/IBGE 2014).
Certamente, isso pode gerar, para usar as palavras de Wilson Honório da Silva, autor de O mito da democracia racial (Editora Sundermann, 2016), um “abalo na lógica do sistema” racista e burguês da universidade. Essa proposta, diferentemente da limitada lei federal 12.711/2012 de cotas, conquistada com muita luta pelo movimento negro, responde a reivindicação por não propor cotas raciais submetidas inteiramente a cotas sociais e por ter como referência a realidade racial de São Paulo.
Como a discussão de cotas levanta também outras demandas democráticas, têm sido pautadas, na Unicamp, as políticas de permanência, a necessidade de revolucionar a produção do conhecimento e de questionar a educação brasileira e outros aspectos da sociedade que dizem respeito à população negra e aos demais setores oprimidos da classe trabalhadora. Tendo como referência histórica de luta a organização política dos quilombos, poderemos e devemos continuar combatendo também a precarização dos trabalhadores nas universidades, principalmente as mulheres negras terceirizadas, e construir na luta uma universidade feita por e para a classe trabalhadora brasileira, de maioria negra. Nesse caminho, será inevitável combater todos os governos que o capitalismo nos impõe: racistas, opressores e exploradores, rumo à construção no Brasil de uma revolução negra e do socialismo, uma vez que, nas palavras de Malcolm X: “não há capitalismo sem racismo”.
#euapoiocotasnaunicamp
Confirme presença no ato nacional pelas cotas na Unicamp
Declarações de militantes do PSTU:
Rafahel Parintins (Campinas, estudante da Unicamp, Movimento Quilombo Raça e Classe)
Claudicea Durans (Maranhão, SINASEFE, Movimento Quilombo Raça e Classe):
Hertz Dias (Maranhão, Grupo de Rap Gíria Vermelha, Movimento Quilombo Raça e Classe):
Maria Edna de Jesus (Araraquara, Movimento Quilombo Raça e Classe):
Wilson Honório da Silva (São Paulo, USP, Movimento Quilombo Raça e Classe):
Zé Maria (Direção Nacional do PSTU):