PSTU-PE
O ato do 29M pelo Fora Bolsonaro em Recife (PE) começou às 9h, na Praça do Derby. Muitos jovens das universidades federais como UFPE, UFRPE, e também da UPE (estadual), estiveram presentes. Várias organizações da juventude se somaram na luta para impedir os cortes e o sucateamento das universidades públicas, quando as próprias instituições já declaram a possibilidade de fecharem as portas com a redução brutal no seu orçamento. Também havia muitos trabalhadores e sindicatos marcando presença na manifestação.
No entanto, as maiores centrais e o PT boicotaram o 29M. Na noite de véspera, o Ministério Público Estadual (MPE) mandou uma nota a alguns partidos e centrais recomendando a suspensão do ato, sob a justificativa de evitar aglomeração.
Mas o fato mais emblemático foi que a direção estadual do PT, que dirige a CUT e a maioria dos sindicatos do Estado, reproduziu a nota do MPE e chamou o desmonte da manifestação. Isso foi uma clara demonstração da adaptação do PT à lei e a ordem burguesa, e mostra a sua política de jogar toda a indignação e revolta do povo para as eleições de 2022, ao invés de derrubar Bolsonaro agora.
Diferentemente do PT e da CUT, o PSTU, CSP-Conlutas e o Rebeldia foram às ruas com suas colunas, bandeiras e palavras de ordem. “Estamos aqui pelas mais de 450 mil mortes por covid-19 que poderiam ter sido evitadas se não tivéssemos um governo genocida como o de Bolsonaro e Mourão e também para evitar mais mortes. Nossa unidade deve ser pra lutar como expressa hoje o ato. É hora das centrais chamarem uma greve geral sanitária pra garantir lockdown de 30 dias, com garantia de auxílio emergencial e vacinação para todos, já. Não podemos depositar esperanças nas eleições do ano que vem. Nossa luta continua e a tarefa imediata que está colocada para salvar a vida da nossa classe é derrubar Bolsonaro e Mourão”, declara Claudia Ribeiro do PSTU.
No final do ato a tropa de choque do governo Paulo Câmara (PSB/PCdoB) protagonizou cenas lamentáveis. Manifestantes marchavam pacificamente em filas indianas em direção à ponte Duarte Coelho, respeitando todas as recomendações sanitárias, quando foram recebidos com balas de borracha, spray de pimenta e bombas de efeito moral pela Polícia Militar. Houve feridos e nas redes sociais circulam vídeos com pessoas sendo agredidas, baleadas e violentadas de várias formas. Algumas delas nem participavam do ato, a exemplo de homem de 52 anos que não estava protestando e foi atingido no globo ocular e ficou cego de um olho. “O governo estadual do PSB/PCdoB, apesar de ser oposição ao governo de Bolsonaro, ao governar igualmente para a burguesia, reprime e agride os trabalhadores. Quando os atos de apoio a Bolsonaro ocorrem na badalada praia da Zona Sul, em Boa Viagem, não acontece nenhuma repressão”, pontua Claudia Ribeiro.
Quando o tema é o combate ao coronavírus, a política de Paulo Câmara se encontra com de Bolsonaro, a da imunidade de rebanho e vacinação lenta. Em abril, apenas 51,8% das 1,7 milhão de vacinas que tinham sido recebidas pelo Estado foram aplicadas. Além disso, o governo do PSB/PCdoB promove o que chamamos de “fakedown”, um lockdown em horário reduzido, apenas nos finais de semana, enquanto a população se contamina nos coletivos lotados e no trabalho. E, tem mais, Paulo Câmara força o retorno às aulas nas escolas do estado, sem a ampla vacinação da comunidade escolar.
Mesmo com a repressão da PM e o boicote do PT e da CUT, o ato foi muito vitorioso porque uniu vários setores da classe trabalhadora e da juventude, mostrando sua disposição para resistir e lutar, como há muito não se via em Pernambuco. Todos juntos gritavam: “Se a gente se unir, Bolsonaro vai cair, vai cair, Bolsonaro vai cair!”. Essa unidade pra lutar tem que seguir.
Quanto à violência praticada pela PM, exigimos o afastamento, prisão e punição exemplar desde a cúpula da PM aos policiais agressores envolvidos na operação.