Morreu ontem em Salvador (BA), no bairro Dique Pequeno, o capoeirista Mestre Moa do Katende. Moa foi assassinado a golpes de faca por um apoiador de Jair Bolsonaro (PSL) após uma discussão em um bar. Segundo Reginaldo Rosário, irmão de Moa, que também foi ferido, a discussão começou após o agressor defender a candidatura de Bolsonaro e ouvir críticas do capoeirista.
Mestre Moa do Katende tinha 63 anos e nasceu em Salvador, berço da capoeira. Como é comum aos mestres capoeiristas mais antigos, acabou por se envolver em outras atividades culturais como os grupos Viva Bahia, o Katende e o Afoxé Badauê, do qual era fundador. Mestre Moa era ativista e defensor da cultura negra.
Em entrevista a um jornal local, Reginaldo declarou que “Moa ponderou que era negro e que o cara ainda era muito jovem e não sabia nada da história. Moa disse ainda que ele tinha consciência do quanto o negro lutou para chegar onde chegou e o quanto Bolsonaro poderia tirar essas conquistas se chegasse ao poder”. Após a discussão terminar, o agressor teria ido até sua casa e voltado com uma faca, quando golpeou Mestre Moa pelas costas.
Pelo rastro de sangue deixado no caminho, a Polícia Militar consegui prender o agressor em flagrante dentro de sua casa, quando se preparava para fugir.
Mestre Moa é mais uma vítima negra da crise social que vive o país que já matou Amarildo, Claudia, DG, Marielle e tantos outros mortos diariamente. E para os capoeiristas, seu assassinato tem um significado particular: a capoeira é símbolo da resistência negra desse país. Não é pouco significativo que o assassino de Mestre Moa reivindique o capitão-do-mato Bolsonaro, defensor ferrenho dos ricos, poderosos e herdeiros da Casa Grande nesse país.