Gilmar Salgado, candidato a prefeito de Florianópolis pelo PSTU e coordenador da Conlutas de Santa Catarina foi entrevistado pelo Opinião Socialista
OS – O que aconteceu na cidade?
Gilmar Salgado – Uma demonstração da força da juventude e dos trabalhadores, que saíram vitoriosos na luta contra governo e empresários. Alí se demonstrou como se pode melhorar a vida das pessoas: pela luta e não pelas eleições.
A prefeitura tentou aumentar os lucros da máfia de transporte. Em oito anos, a prefeita do PP aumentou a tarifa em 238%, contra uma inflação de 75%. Isso, justo no momento em que o governo Lula aprovou o ridículo aumento de R$ 20 para o salário mínimo.
OS – Como reagiram a prefeita e o governo estadual?
Gilmar Devido à disputa eleitoral entre o PP da prefeita e o PMDB do governador, num primeiro momento a polícia não reprimiu o movimento. Depois a prefeita Ângela Amim exigiu publicamente a intervenção do exército. O governador Luis Henrique (que tem em seu governo o PCdoB e apoio do PT) autorizou a PM a reprimir os manifestantes. Foi quando ocorreu uma série de torturas e prisões de trabalhadores e estudantes, digna da ditadura. Tudo isso, além da repressão dos seguranças armados das empresas de ônibus.
OS – Quem dirigiu o movimento?
Gilmar – O movimento foi marcado por uma espontaneidade e radicalismo surpreendentes. A cada dia apareciam novos manifestantes. Nos bairros, foi dirigido pelas associações de moradores. No Centro, houve uma participação geral, apesar das direções ligadas ao governo Lula (PCdoB/UJS, PT, CUT, JRI) tentarem desviar as lutas dizendo que o aumento era algo para a Câmara dos Vereadores resolver, reivindicando CPI contra as mobilizações.
OS – Qual foi o papel do PSTU?
Gilmar – Fomos a única candidatura à prefeitura a participar e se colocar a serviço da luta desde o início. Falamos a todo o momento que era aquela a maneira de conseguir melhorar a vida, e não a esperança nas eleições. Convocamos a população para as manifestações no debate realizado na TV Barriga Verde. Defendemos a continuação do movimento lutando pelo passe-livre para estudantes e desempregados, mesmo com a capitulação da autoproclamada direção, que sempre tentou despolitizar o movimento, não relacionando a luta local com as políticas neoliberais do governo Lula.
Ao contrário da CUT governista, que não estava presente no movimento, mas negociava em nome dele com a prefeitura, com o objetivo de pôr fim às mobilizações, a Conlutas-SC se fez presente desde o início, divulgando nota de apoio e conclamando todos a unificar as lutas para derrotar o aumento da tarifa e as reformas Sindical, Trabalhista e Universitária do governo Lula e do FMI.
OS – O que o PSTU propõe para resolver o problema do transporte em Floripa?
Gilmar – Nós propomos, em primeiro lugar, a estatização, acabando com o lucro da máfia dos transportes. Sem essa medida, nenhuma alternativa real é possível, porque os donos das empresas vão fazer aquilo que significar mais lucros para as suas empresas, e não o que for necessário para a população. A administração dessas empresas não poderia ficar sob controle de uma burocracia a serviço da prefeitura, mas sob o controle de conselhos populares deliberativos, formados por associações de moradores, sindicatos de trabalhadores e movimento estudantil. Isso permitiria a implantação de uma tarifa social, com preço reduzido, assim como do passe-livre para estudantes e desempregados.
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