Leia na íntegra o panfleto distribuído pela Secretaria Nacional GLBT do PSTU na Parada de João Pessoa, entre outras, e escrito por Magberto Rocha e Lígia Godoy.

Gente é pra brilhar! E ninguém levanta essa bandeira mais alto do que nós, gays, lésbicas, travestis, transexuais, bissexuais. Porém, é necessário que se diga, e que se entenda, que brilho não cai do céu. Foi com muita luta e mobilização que o movimento GLBT brasileiro obteve algumas conquistas importantes, como as leis municipais e estaduais que fez aprovar aqui e ali. Por outro lado, a estrela vermelha que milhões de trabalhadores, dentre eles a comunidade GLBT, fizeram brilhar nos céus do Planalto está dando mostras de que seu brilho não é para nós, mas para aqueles mesmos de sempre, os mesmos que sempre tiraram o brilho da gente.

Metáforas à parte, o governo Lula desde o seu início vem mostrando uma política de traição à classe trabalhadora e suas bandeiras históricas que sempre incluíram a luta contra a homofobia, dando continuidade à política neoliberal de FHC que desmonta e destrói a educação pública onde a homofobia é alimentada, e faz vistas grossas às violações aos direitos humanos mais básicos no país. Fruto disto e do incentivo à violência homofóbica pelos meios de comunicações, cujas violações aos direitos humanos deveriam ser reprimidas pelo governo que concede as licenças, mais de cem homossexuais são assassinados anualmente por razões de pura intolerância. Desde sua campanha, Lula, para ganhar o apoio do PL, partido ligado à Igreja Universal, teve que abandonar as reivindicações do movimento GLBT para poder conformar seu governo de aliança com a direita homofóbica.

Hoje o movimento perde seu caráter de luta, quando só se mobiliza em torno da Parada no mês de junho, além de “esquecer” suas reivindicações no único dia de luta do ano, transformando a Parada em uma grande festa, excluindo a luta política tão necessária para o fim da homofobia.

É preciso ir além das Paradas. É preciso ir além da festa, além do carnaval. Há mais de 100 grupos GLBTs atuando no Brasil, mas não há um Fórum democrático onde estes grupos possam se reunir e tirar uma pauta unificada de luta, como faz a CUT no movimento sindical, a UNE, no movimento estudantil e o MST, na luta pela terra. Essa articulação a nível nacional deveria ser a primeira bandeira de luta do movimento.

O PSTU, Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado, que tem uma Secretaria GLBT desde a sua fundação, em 1994, vem à Parada para trazer exatamente esse recado. A nossa libertação das amarras de opressão, marginalização e exploração só pode ser fruto da nossa própria organização e luta. Chamamos você que está lendo estas linhas a vir conosco nessa empreitada por uma sociedade livre de qualquer forma de esmagamento social, nem stalinista, onde as liberdades individuais são sufocadas, nem capitalista, onde o lucro e os juros de uma merreca de bandidos engravatados são mais importantes do que a vida e os direitos de milhões de seres humanos. A única sociedade que pode libertar de vez a sexualidade e acabar com toda forma de opressão e exploração é a sociedade sem classes, socialista, cujo poder não esteja no Planalto, mas nas mãos da população organizada em conselhos de bairro, de escola, de trabalho, em conselhos de mulheres, de negros, de GLBTs, com poder para decidir sobre suas próprias vidas.

É na luta e com os pés bem no chão que a gente brilha! Venha conosco construir essa nova esquerda!

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