A divisão do movimento por um novo partido de esquerda está se consumando. A possibilidade de um movimento unitário, que ocupasse o espaço à esquerda abandonado pelo PT, foi descartada pela Esquerda Socialista e Democrática (ESD). De forma autoritária e burocrática, este movimento excluiu o PSTU e outros setores que defendiam a criação de um partido revolucionário. Como eles querem um partido reformista, com uma estratégia essencialmente eleitoral, decidiram excluir todos que têm uma posição diferente.
Assim, nada mais fazem do que aplicar os mesmos métodos burocráticos utilizados pela direção do PT contra eles mesmos (Heloísa Helena, Babá, Luciana Genro, João Fontes).
O mais impressionante é que a formação do partido está sendo feita sem nenhuma discussão nas bases. O que estão ocorrendo nos estados são atos de lançamento do novo partido (que pode se chamar PS, como os partidos social-democratas da Europa), e em junho será realizado o congresso de fundação, sem nenhuma discussão. O caráter e programa do partido foram definidos pelos parlamentares e seus aliados, na reunião do Rio de Janeiro e… pronto. Para a base, sobra a tarefa de buscar as assinaturas para a legalização do novo partido, a partir de junho. No futuro, o funcionamento burocrático do partido já está anunciado: os parlamentares decidem, a base busca os votos nas eleições.
Este não foi o curso que nós do PSTU escolhemos, mas é a realidade, o movimento está dividido. Discordamos da divisão, assim como não temos acordo com o projeto reformista eleitoral em que a ESD está engajada. Mas isto não significa que a luta pela unidade termina aqui. Mesmo divididos em projetos partidários distintos, podemos buscar intervir unitariamente nas lutas. Por este motivo, fazemos dois chamados aos companheiros.
O primeiro tem a ver com as lutas contra a reforma Sindical e Trabalhista e com a formação da Coordenação Nacional de Lutas. Como se sabe, ocorreu um Encontro em Luziânia (GO) que reuniu 1.800 companheiros de 280 sindicatos. Foi formada uma Coordenação, cujo objetivo é ajudar a unificar as lutas contras as reformas dos sindicatos que estão dentro ou fora da CUT. Sem unidade, a nossa derrota será certa contra este governo pró-imperialista e ainda apoiado pela maioria do povo. Apesar de sua queda recente nas pesquisas.
Os companheiros da ESD estão, em sua maioria, em todo o país, buscando boicotar os Encontros Estaduais definidos no Encontro de Lusiânia. Com isso, só dificultam as lutas, e ajudam a direção nacional da CUT. Esperamos que os companheiros revejam suas posições e se integrem a esta coordenação nacional e a preparação dos encontros estaduais.
Em segundo lugar temos o tema das eleições de 2004. O PSTU lançará candidatos nas cidades mais importantes. O que vai fazer a ESD que ainda não tem a legalidade? Vai apoiar os partidos do governo? Em Maceió, Heloísa Helena definiu o apoio a Regis Cavalcanti, partido do ministro Ciro Gomes. No Rio de Janeiro, Milton Temer (ex-deputado, do grupo de Carlos Nelson Coutinho e membro da direção nacional da ESD) expressou o apoio a Jandira Feghali, do PCdoB, outro partido do governo. É correto apoiar representantes de um governo que faz o que está fazendo com o povo brasileiro?
Nós chamamos a que os companheiros apóiem as candidaturas do PSTU, contra o governo, contra a Alca e o FMI. Seria ruim que a esquerda se apresentasse dividida nas eleições, tanto agora, como em 2006.
Post author Zé Maria, presidente nacional do PSTU
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