No lançamento da marcha, o líder nacional do MST, João Paulo Rodrigues, responsabilizou o modelo que só privilegia o pagamento das taxas de juros e que, ao mesmo tempo, continua com uma política extremamente dependente do capital financeiro internacional e da exportação. No entanto, apesar disso, o dirigente considera Lula um aliado da Reforma Agrária.
É contraditório. Lula corta a verba da Reforma Agrária e dá privilégios aos grandes exportadores, e a direção nacional do MST renova sua confiança no governo. João Pedro Stédile, principal figura do movimento, chegou a afirmar que não é louco de romper com o governo.
Lula devolve na mesma moeda a gentileza de João Pedro Stédile. A Executiva Nacional do PT em pessoa vai recepcionar a marcha em Brasília. O próprio presidente nacional do partido, José Genoíno, disse que o PT apóia a marcha e vai mediar as negociações do governo com o movimento.
A troca de gentilezas não fica só nas palavras. Se traduzem em fatos. Para conter e redirecionar a indignação dos sem-terra, o MST abriu mão de fazer um novo Abril Vermelho, preferindo realizar a marcha, dando, com isso, um bom respiro para o governo e o agronegócio. Tudo o que Lula queria.
Os sem-terra, que tanto sangue já deram para a luta pela Reforma Agrária, que tanto exemplo de abnegação e coragem demonstraram ao povo brasileiro, não podem se deixar enganar. Lula não pretende fazer a Reforma Agrária, porque não quer romper com os latifundiários ligados ao agronegócio que o ajudam a equilibrar a balança comercial e a conseguir os dólares necessários para o pagamento da dívida externa.
Só a continuidade da luta, com ocupações de terras, poderá mudar essa realidade.
Post author Américo Gomes, da Direção Nacional do PSTU, e Diego Cruz, da redação
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