PSTU-BA
Gabriel Almeida, de Lauro de Freitas (BA)
A prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho (PT), impôs o toque de recolher, desde o último dia 15. A medida restringe a circulação de pessoas das 20h até as 5h do dia seguinte. Ao invés de aplicar a quarentena ampla, com garantia de renda e estabilidade no emprego, para que os trabalhadores possam ficar em casa, a petista apela ao uso da força policial.
Localizada na Região Metropolitana de Salvador, Lauro de Freitas encontra-se em um momento de crescimento significativo de casos de coronavírus, acompanhado de uma subnotificação que distorce números “oficiais”. Por isso, pontuamos que os dados da prefeitura não são confiáveis.
Não tem uma política de testes para abranger o conjunto da população. Há um intencional negligenciamento do poder público. Diversas pessoas são diagnosticadas com a covid-19, mas sem testes, continuam com o status de “suspeitos” e quando vão a óbito, oficialmente o obituário fica registrado como “suspeita de covid-19”, “insuficiência respiratória aguda”, ou outras causas que na verdade são usadas para que não cresça ainda mais as estatísticas do governo. Se os casos reais fossem inclusos nos dados estatísticos, veríamos que esse crescimento significativo dos casos seria observado com a preocupação devida.
O sistema de saúde está chegando ao colapso
Se a proliferação continuar neste ritmo, haverá uma crise generalizada. Mesmo assim, a prefeitura de Lauro de Freitas insiste em não aplicar uma quarentena total, com medidas concretas em defesa da vida, com a garantia de renda para que a população possa ficar em casa. O isolamento social é a melhor medida para impedir a proliferação do víurs. Mas é preciso garantir condições para que as pessoas fiquem em casa.
Ao invés de se preocupar com políticas públicas, a prefeita Moema Gramacho adota medidas autoritárias e militarizadas, como o toque de recolher a partir das 20h, fazendo uso da Polícia Militar (PM). Sabemos que, no dia a dia, a PM já age de forma violenta nas comunidades periféricas. Situação que se acentua com o toque de recolher.
Enquanto a população é obrigada a se recolher em casa, às 20h, durante todo o dia temos fábricas, empresas e comércio de diversos serviços não essenciais funcionando normalmente. Com os empresários e comerciantes ricos, a prefeita não usa a mão de ferro como usa como os moradores da periferia, trabalhadores, pobres e negros, que são obrigados a sair de casa todos os dias para garantir a sobrevivência. Pois nem o governo federal, do genocida Jair Bolsonaro, nem o governador Rui Costa (PT) e, muito menos, a prefeita de Lauro de Freitas aplicam políticas públicas para que o isolamento social ocorra como se deva.
O que temos é um isolamento social incompleto, tendencioso e parcial, que prioriza apenas os ricos. Pois o povo pobre, que presta estes serviços não essenciais que não foram paralisados, é obrigado a estar nos locais de trabalho, arriscando suas vidas para atender os interesses econômicos da burguesia. E na volta para casa ainda corre o risco de enfrentar a truculência da PM, com o toque de recolher.
A periferia como alvo
De acordo com os dados oficiais, Lauro de Freitas confirmou 491 casos de coronavírus e 11 mortes (dados do dia 31/05). A maior concentração de casos, não coincidentemente, fica em Itinga (113 casos), Caji (78 casos) e Portão (50 casos), bairros localizados na periferia da cidade.
Em Itinga, os casos aumentam de forma severa, a cada atualização do balanço epidemiológico da prefeitura. Isto comprova que a omissão do poder público está sendo decisiva na proliferação do vírus.
Os moradores dos bairros periféricos são obrigados a sair para trabalhar, já que a comida do dia seguinte depende disto. Pois os governos não garantem os empregos da classe trabalhadora, com renda estável, para que possam ficar em casa. Já os moradores dos bairros da orla cidade, com renda mais alta, têm o privilégio de passar a quarentena em segurança com seus familiares.
A situação no Quilombo Quingoma
Os povos tradicionais estão entre os grupos mais vulneráveis frente à pandemia do coronavírus. No Quilombo Quingoma, localizado em Lauro de Freitas, a realidade é de completo abandono por parte de políticas públicas governamentais. “O território quilombola é desprovido de qualquer tipo de políticas de combate a essa pandemia por parte da gestão municipal. Já sofríamos com a ausência de políticas públicas antes da pandemia. Não sabemos como será depois disso tudo. Somos guardadas por Olorum (Deus), nossos ancestrais e pessoas humanas que reconhecem a importância de nossa história e cultura. O vírus já chegou nas comunidades próximas remanescentes do Quilombo Quingoma, que é o caso de Areia Branca”, relata Rejane Rodrigues, liderança quilombola de Quingoma.
“Mudar os costumes é muito difícil. Muitos por aqui andam despreocupados. Ainda notamos que alguns não usam máscaras e o contato físico acontece constantemente. Teremos sérios problemas se esse vírus chegar aqui. Nem posto de saúde temos na comunidade”, pontua Rejane.
Precisamos derrubar Bolsonaro, Mourão e todos os governos da burguesia
O avanço da covid-19 e a catástrofe que estamos vivendo no país é resultado da política genocida de Jair Bolsonaro e seus ministros, mas em âmbito estadual e municipal, Rui Costa e Moema Gramacho compartilham a mesma preocupação que o governo federal: manter o lucro dos grandes empresários a custo da vida de milhares de brasileiros, como no caso das pessoas das periferias e quilombolas de Lauro de Freitas.
Para isso, nós, da periferia de Lauro de Freitas, precisamos avançar na auto-organização e na solidariedade de raça e classe que nossos ancestrais quilombolas nos ensinam. Precisamos nos organizar por baixo para derrubar os de cima em defesa da vida! Temos que repudiar e denunciar o uso da força policial contra a população pobre, negra, moradora da periferia.
O PSTU reforça a defesa de uma quarentena ampla, com paralisação de todos os setores não essenciais, garantindo o emprego dos trabalhadores, com renda digna, para que possam ficar em casa de forma segura com seus familiares.
Quanto aos serviços essenciais, deve-se ter uma política de segurança a vida de todos os profissionais, com garantia de equipamentos de segurança e condições dignas de trabalho.
Para enfrentar o colapso da saúde, é preciso aumentar o número de leitos de UTIs. Unificar todos os leitos da rede pública e privada. Nenhum dinheiro público para os hospitais privados, devemos estatiza-los e coloca-los a serviço da população.
A saúde não é mercadoria! O lucro dos empresários não pode estar acima da vida!
Em defesa de nossas vidas, temos que derrotar a política militarizada de Moema Gramacho, que conta com o apoio do governador Rui Costa. Bem como, derrubar o governo genocida de Bolsonaro, Mourão e sua trupe reacionária!