Rebeldia - Juventude da Revolução Socialista
Laís, pré-candidata a vereadora pelo PSTU em Vitória (ES)
Cristal, militante do Rebeldia – Juiz de Fora (MG)
Prida, da Secretaria LGBT do PSTU – Juiz de Fora (MG)
Nós, que somos jovens trabalhadores, estamos nos postos de trabalho mais precarizados, com menos garantias de direitos ligados ao trabalho e, desde antes da pandemia, temos sofrido recorrentes ataques, como a lei da terceirização, reforma trabalhista, da Previdência e agora, durante a pandemia, a tentativa de aplicar a carteira de trabalho verde-amarela.
Exemplo de como temos vivido isso são as e os trabalhadores de entrega por aplicativo, que trabalham embaixo de sol e com fome e, se sofrem um acidente, não recebem pelo tempo necessário para se recuperar. A luta dos entregadores hoje é para garantir os direitos trabalhistas mínimos. As e os trabalhadores de telemarketing também representam bem quais as condições em que temos trabalhado, categoria que no início da pandemia fez uma paralisação exigindo a quarentena e o isolamento social, com estabilidade do emprego e manutenção integral dos salários.
Hoje, o “home office” tem sido a resposta para nossa luta pela quarentena geral e a realidade é que parte desses trabalhadores (os que não foram demitidos durante a pandemia) foram jogados pra trabalhar dentro de casa sem estrutura nenhuma, desde uma mesa e cadeira a internet e computador.
Nos matam de fome, bala da polícia ou vírus
Até o momento que escrevemos esse texto o número de mortos no Brasil notificados é de 82.771, mas cabe destacar que existe uma subnotificação dos casos e das mortes enorme desde o início da pandemia. O que acontece no sistema capitalista é que colocam o lucro acima das nossas vidas e isso não é algo novo, a pandemia só escancarou que esse sistema nunca nos serviu. Por isso, precisamos organizar a bronca dos debaixo pra derrotar os de cima, só uma sociedade socialista é capaz de atender as nossas demandas e colocar a vida das e dos trabalhadores acima do lucro dos grandes banqueiros e empresários.
Em meio à pandemia, continuam os ataques à Educação! Ensino à distância é precarização!
Em relação à educação, os ataques também não param! Um exemplo disso é a aplicação do Ensino à Distância (EAD) nesse momento de pandemia, sistema que as grandes empresas da educação querem aplicar em todos os lugares. Inclusive depois da pandemia, pois é um jeito de deixar os gastos com a educação cada vez mais baratos! Mais baratos para eles, e muito mais precário e excludente para os estudantes!
A tecnologia é fruto do desenvolvimento do trabalho da humanidade e das interações com a natureza! E poderia ser muito utilizada para melhorar a vida dos trabalhadores e dos jovens. Entretanto, no capitalismo, o processo de avanços tecnológicos, produtivos e industriais está no controle de países imperialistas e das burguesias nacionais que utilizam desse processo histórico fruto de pesquisas, ciências e tecnologias produzidas por trabalhadores para aprofundar a divisão internacional do trabalho, o desenvolvimento desigual e combinado e rechaçar os países periféricos.
Assim, nesse processo, o desenvolvimento da classe trabalhadora é usado enquanto ferramenta de segregação e exclusão, tanto de países, quanto de povos e uma classe inteira. O EAD é parte disso, porque é um bom exemplo de como a tecnologia está sendo usada não para melhorar a educação e aprofundá-la, mas sim para fazer exatamente ao contrário, precarizar e excluir!
Nós nos posicionamos contra o ensino à distância por entender que mesmo em uma situação de anormalidade cotidiana, a educação precisa ser garantida de maneira presencial, pública e de qualidade. Isso não quer dizer que somos a favor do retorno às aulas em meio à pandemia! Não! Isso seria jogar os jovens e trabalhadores a mais contaminação e, com certeza, mais mortes pela Covid! Precisamos ser contra a volta às aulas agora, e lutar pela suspensão do calendário escolar e o não retorno enquanto durar a pandemia.
Há tempos, e desde outras gestões governamentais, tentam implementar um modelo educacional privatista, fragmentado e desligado de um raciocínio crítico. A modalidade de educação à distância prejudica os alunos mais pobres que não possuem computadores ou internet de qualidade para a realização de atividades virtuais. Muitos estudantes dependem dos centros de informática para realizarem suas tarefas mais simples.
Em face disso, e de universidades do país estarem em busca de contratação de serviços que permitam salas de aulas virtuais, como é o caso da Universidade Federal de Juiz de Fora e da Universidade Federal de Minas Gerais, repudiamos toda e qualquer tentativa de implementação de um projeto que visa a dissolução ou reafirmação da educação à distância enquanto possibilidade, pois compreendemos que mesmo depois da pandemia essas ferramentas poderão ser utilizadas para sobrecarregar profissionais e estudantes.
Algumas forças políticas como Levante Popular da Juventude, Juventude do PT e União da Juventude Socialista, se posicionam a favor do ensino remoto através de uma atitude cínica e oportunista frente aos DCE’s, se eximindo de convocar a base dos estudantes para o debate. Convocamos, portanto, as forças do movimento estudantil a se posicionarem contra o projeto, juntamente dos sindicatos de professores e técnico-administrativos, reforçando a união de trabalhadores e estudantes.
O debate acerca da implementação do Ensino Remoto Emergencial nas Universidades e escolas do país se faz urgente pela gravidade da situação. Historicamente a educação brasileira passa por grandes adversidades no que se refere ao pouco investimento ou ausência do mesmo. Hoje, em meio à pandemia, com a justificativa de que os estudantes não podem perder o ano letivo, os governos dos estados tentam a todo custo retomar o calendário escolar.
Por trás do argumento exposto anteriormente existe na verdade a negligência das diversas realidades sociais da nossa juventude, que em sua maioria não possui os equipamentos necessários para assistir as aulas em casa. Querem a todo custo retomar as atividades a “toque de caixa” e fazer com que a classe trabalhadora de conjunto se veja obrigada a seguir sua vida normalmente em detrimento do extermínio causado pela pandemia do novo coronavírus.
Qual a nossa tarefa?
Esse sistema podre nunca nos serviu e ainda aproveitam uma pandemia para nos atacar ainda mais, trabalhadores no mundo todo tem lutado contra esses ataques. Aqui no Brasil nós lutamos contra a política genocida e racista de Bolsonaro-Mourão, os lambe-bota do Trump e os prefeitos e governadores que nunca estiveram do nosso lado e agora afrouxam a quarentena em vários estados do país. Além de não garantirem uma quarentena geral de verdade, não garantem nem os R$ 600 que já são muito insuficientes.
Essa realidade fica mais concreta quando observamos a situação das LGBTs trabalhadoras, por exemplo. Em sua grande maioria não conseguem acesso ao mercado de trabalho formal, e quando conquistam uma ocupação, ela está localizada no mercado informal, ou como o caso das travestis, na prostituição. As pessoas trans enfrentam ainda outro desafio hoje em meio à pandemia, que é a dificuldade de acesso ao auxílio emergencial em virtude do nome social. Mais uma crueldade para as LGBTs trabalhadoras, mais um movimento para a marginalização desse setor oprimido e explorado cotidianamente.
A reedição da carteira verde–amarela é outra cruel realidade imposta para o conjunto da classe trabalhadora, em especial mulheres, negros e negras e LGBTs. É um projeto cujo objetivo é precarizar ainda mais os postos de trabalho e dividir a nossa classe trabalhadora, que vai ser obrigada a entrar em uma disputa sanguinária para garantir o sustento de cada dia. É por isso que precisamos urgentemente colocar para fora Bolsonaro-Mourão! Precisamos de unidade de ação para isso!
Dias 10, 11 e 12 de julho fizeram parte da jornada de luta pelo Fora Bolsonaro-Mourão e foi só o início de um calendário permanente de lutas! No dia 11 participamos de uma plenária com vários partidos, centrais sindicais e movimentos. O chamado que fazemos é por unidade de ação para a campanha pelo Fora Bolsonaro-Mourão, precisamos criar os comitês pelo Fora Bolsonaro-Mourão nos estados, locais de trabalho e estudo!
Quando nos colocamos contra o EAD e contra o retorno das aulas presenciais também estamos pautando o Fora Bolsonaro-Mourão, a corja de assassinos, milicianos e ladrões que tem aproveitado a pandemia para tentar privatizar a educação e a transformá-la em uma mercadoria da qual não teremos como acessar e não poderemos pagar.
A realidade do conjunto da nossa classe é essa, somos lutadoras e lutadores lidando com demissão em massa, fome e retirada de direitos mas ao contrário do que muitos dizem, não estamos derrotados, dia 25 de julho aconteceu outro breque dos apps, mesmo dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. Dia 7 de agosto vai ser o Dia Nacional de Luta, data aprovada na plenária da Jornada de Lutas, e deve ser construída em todos os espaços, por todos os trabalhadores. Os partidos e organizações que compõem a campanha devem jogar força para a construção do dia 7 e fortalecimento de um calendário permanente de lutas pelo Fora Bolsonaro-Mourão, por uma quarentena geral pra valer já, em defesa da vida, renda, emprego e pelo fim do racismo!
O que nós defendemos
– Em defesa do emprego! Contra todos os ataques aos nossos direitos!
– Os jovens e trabalhadores querem viver, pela quarentena total com direito à renda e emprego para conseguir sobreviver!
– Chega de violência e genocídio negro! Pelo fim da PM já!
– Basta de racismo, LGBTfobia e machismo!
– O racismo e o machismo estão nos matando! Chega de violência contra as mulheres!
– Não ao Ensino à Distância!
– Que as tecnologias e os avanços produtivos sejam usados a favor da classe trabalhadora, e não para excluí-la!
– Não à volta às aulas em meio a pandemia!
– Pela suspensão do calendário escolar e o não retorno enquanto durar a pandemia!
– Não à privatização e precarização da educação! Por mais verbas para a educação pública, gratuita e de qualidade!
– Por uma educação socialista num Brasil socialista!