Na última Plenária Nacional da Campanha contra a Alca e também na atividade no FSB, o desejo da base foi de retomada da mobilização. No Fórum, diferentes companheiros apontaram a necessidade de construir uma campanha de massas, a la Fora Collor ou Diretas.
A plenária e a coordenação da Campanha aprovaram corretamente uma série de atividades, como audiências públicas nos estados, e a luta por um Plebiscito oficial em outubro de 2004. Nesse sentido, foram produzidos dezenas de milhares de cartazes e um cartão para pressionar os parlamentares a aprovar o projeto do senador Saturnino Braga (PT-RJ), que defende o Plebiscito. Estas atividades devem ser feitas com afinco, mas são insuficientes, pois a Alca não será barrada com mera pressão parlamentar.
Neste dia 21, serão realizados atos em todo o país, acompanhando o calendário continental da campanha. É urgente que, nestes atos e em todos os sindicatos, assembléias e reuniões de trabalhadores e da juventude, sejam aprovadas moções repudiando o acordo do governo brasileiro com os EUA para a viabilização da Alca.
Precisamos e podemos seguir no Brasil os passos dos bolivianos. Precisamos construir uma campanha de massas. Mas, para isso, é preciso que a Coordenação da Campanha esteja disposta a enfrentar o governo, que é quem está conduzindo as negociações.
No dia 8 de dezembro, na próxima reunião da Coordenação Nacional, é necessário retomar a Campanha pela base e apontar um calendário de mobilização, que desemboque numa mega manifestação de massas. Depois de Miami, a próxima reunião ministerial da Alca será no Brasil, provavelmente no meio do ano. A campanha brasileira tem que estar na vanguarda da construção de uma mobilização continental aqui: um Seattle no Brasil contra a Alca.
Campanha contra a Alca precisa enfrentar o governo Lula
Na nossa opinião, para que a campanha deslanche, é preciso que as entidades na coordenação estejam dispostas a enfrentar o governo e denunciar seu papel de chefe negociador da burguesia brasileira na implementação da Alca.
Na grande mobilização em 2002, houve firmeza para conduzir a campanha pela ruptura das negociações, contra a direção do PT, da CUT e do PCdoB, que, por terem como política as negociações soberanas, não queriam os termos do Plebiscito e chegaram até a desautorizá-lo. Contra tudo e todos, mobilizamos mais de 10 milhões no Plebiscito.
Porém, depois da eleição de Lula, a maioria das entidades da Coordenação considerava o governo em disputa e aliado contra a Alca. Stédile, do MST, chegou a afirmar que a reunião de Lula com Bush, que sacramentou o compromisso da Alca em 2005, era cena.
Apesar de manter a defesa da ruptura das negociações, a coordenação, de fato, passou a privilegiar a composição da Frente Parlamentar, que nem no nome é contra a Alca. Prefere ser chamada de Frente Parlamentar de Acompanhamento das negociações da Alca, o que por si só legitima as mesmas. De outra parte, muitos alentavam a expectativa de que o governo não chegaria a assinar a Alca, pois o ministério das Relações Exteriores defende a soberania e os EUA não topariam os termos exigidos pelo governo Lula.
Outras vezes, várias entidades importantes que compõem a coordenação, como o MST, agem como se não existisse governo no país. Ataca Bush, a revista Veja, todos menos o governo. Acontece que atritos como os da Veja e Estadão (pró-ministro Rodrigues) X Folha de São Paulo (pró ministro Amorim), não diferem dos atritos que existiam entre Serra e Malan no governo FHC. Agora já estão todos juntos, de Amorim à Rede Globo, defendendo a grande performance do governo Lula em Miami.
O jornal Brasil de Fato expressa bem essa posição. A edição 37 diz: Só a mobilização dos trabalhadores podem barrar a Alca. No entanto, não diz que a mobilização é necessária porque o governo está entregando o país. É como se a culpa do acordo de Lula com Bush fosse dos trabalhadores e do povo, que não se mobiliza, apesar do governo coitado! querer muito a mobilização dos trabalhadores.
Dizemos que só a mobilização dos trabalhadores e do povo pode barrar a Alca, porque esse governo, aliado à burguesia e na co-presidência da Alca com Bush, vai assiná-la.
É hora de retomarmos com toda força a campanha contra a Alca!
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