Nesta tarde de quinta-feira, foi realizado um grande debate sobre O governo Lula e os rumos da esquerda brasileira, promovido pela Coordenação Nacional de Lutas (Conlutas), no ginásio Camisa 10. Compunham a mesa o renomado sociólogo norte-americano, James Petras; José Maria de Almeida, presidente do PSTU e integrante da coordenação nacional da Conlutas e Roberto Robaína, membro da direção do P-SOL.
Diante de mais de 1500 pessoas que acompanhavam o debate, Petras afirmou que, apesar da origem operária de Lula, a eleição do petista é parte de um velho ciclo de poder da elite brasileira. Segundo Petras, com a direita desgastada politicamente, surgem novos neoliberais disfarçados de trabalhadores para dar seqüência aos planos neoliberais. O sociólogo completou dizendo que avalia a administração Lula como um governo da direita e declarou que o PT, como instrumento da classe trabalhadora, é um cadáver que ainda não sabe que morreu. Em vários momentos Petras disparou criticas contra a política econômica e política externa do governo Lula, arrancando aplausos entusiásticos do plenário. Para ele, se Lula concorda em enviar tropas para o Haiti, logo vai enviar novos soldados aonde Bush, seu chefe, mandar.
Polêmica sobre os rumos do movimento sindical
O debate ficou mais acalorado quando foi abordado o tema da construção de nova alternativa de lutas para o país. O tema mais polêmico foi a ruptura com a CUT. Para Roberto Robaína, há uma necessidade do movimento sindical debater uma alternativa, mas depois que foi questionado se o P-SOL irá ou não se integrar a Conlutas, Robaína se limitou a dizer que não basta ter vontade e angústia. A construção de um pólo alternativo sindical é uma jornada complicada. Já Zé Maria, enfatizou que a ruptura é uma necessidade para unir o povo na luta contra as reformas neoliberais e apresentou a Conlutas como uma nova alternativa de direção sindical a ser construída, convidando os ativistas do P-SOL a ingressar na Coordenação.
Eleições
Outro debate muito polêmico foi sobre o papel da esquerda diante das eleições. Para o dirigente do P-SOL, em 2006 deve haver um pólo eleitoral de resistência da esquerda nas eleições presidenciais. Zé Maria respondeu que o PSTU está disposto a construir unidade no campo eleitoral desde que seja com base em um programa de luta contra o imperialismo, apoio às lutas dos trabalhadores e de oposição ao governo Lula. Outra condição importante é de que a frente eleitoral não faça nenhuma aliança com o PDT ou qualquer partido burguês. No entanto, ressaltou que o mais importante são as lutas sociais e não o terreno pantanoso das eleições: Há um limite tênue entre disputar as eleições para fortalecer as lutas sociais e estar nas lutas para fortalecer um projeto eleitoral, alertou Zé Maria.