Soraya Misleh, de São Paulo
Em sua cumplicidade histórica com a colonização sionista, o Brasil deu um passo a mais durante os governos Lula e Dilma: foi alçado a quinto maior importador dessas armas da morte, testadas sobre as verdadeiras cobaias que Israel converte os palestinos todos os dias. É o que se vê exatamente agora em meio ao genocídio a Gaza.
Armas estas depois apresentadas em feiras internacionais, inclusive sediadas no Brasil, como “testadas em campo” por Israel e também vendidas a governos estaduais para a promoção do genocídio pobre e negro nas periferias e extermínio indígena.
Com a extrema direita no poder, na figura do genocida Bolsonaro, o que se via era a intolerável propaganda ideológica sionista, sem máscaras. Mais acordos e mudança até mesmo da pragmática tradição da diplomacia brasileira em defesa da injusta desde sempre e já morta “solução de dois estados” com a expansão colonial agressiva sionista.
Proposta na ONU
Com a vitória de Lula nas últimas eleições (com o voto de 90% dos brasileiros-palestinos), expectativa e ilusões que começam a se desmanchar a partir sobretudo das últimas e apressadas declarações, alinhando-se ao imperialismo estadunidense – embora tomando o cuidado de manter uma posição de “liderança pela paz”. Nem mesmo sua limitada proposta de cessar-fogo e abertura de corredor humanitário para Gaza no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) foi aceita pelo senhor da guerra, os EUA.
Reconhecer o apartheid
Cessar-fogo já e parar o genocídio é fundamental, mas é preciso ir muito além: ouvir as vozes palestinas que clamam pelo reconhecimento do regime de apartheid sionista e a ruptura de todos os acordos com Israel, que sustentam seus crimes contra a humanidade. Vozes que se elevam e exigem o corte de relações com Israel e a expulsão do embaixador sionista do Brasil.
O Brasil busca ser liderança mundial pela paz, mas não demonstra qualquer intenção de dar esse passo. Por seus próprios interesses econômicos, não quer se indispor com o imperialismo. Por seu papel e potencial na América Latina, poderia puxar a fila do BDS (boicote, desinvestimento e sanções) ao apartheid israelense.