Escândalo provocou uma enxurrada de memes pela Internet
Roberto Aguiar, de Salvador (BA)

Bolsonaro e sua família são um tipo de sanguessuga que se chafurda em tudo quanto é esquema de corrupção que busca se beneficiar do dinheiro público. Não importa o grau do esquema, o que importa é ganhar dinheiro. Isso vai desde a rachadinha com o dinheiro do salário de assessores parlamentares, passando por depósitos de cheques suspeitos na conta de Michelle, o uso de funcionários fantasmas, compra de mansões milionárias, até a apropriação de joias que deveriam constar como patrimônio da União, que foram incorporadas como bem pessoal do ex-presidente.

Durante todo o seu governo, Bolsonaro tentou criar a imagem de um humilde, com a cara do “povão”, que comia pão com leite condensado, usava bermuda e chinelão e assinava documentos com uma simples caneta Bic. Mas essa máscara caiu. Ele gosta mesmo é de joias valiosas, conforme revelou uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, publicada no último dia 3 de março.

O jornal paulista revelou que o governo Bolsonaro tentou trazer ilegalmente ao Brasil joias avaliadas em R$ 16,5 milhões. O material foi apreendido por agentes da Receita Federal no Aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, em outubro de 2021. Um pacote com um colar, anel, relógio e par de brincos de diamantes estava com um assessor do ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Elas eram um presente do reino da Arábia Saudita para a então primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Surrupiando o patrimônio público

Integrantes do governo Bolsonaro tentaram entrar no país com as joias de forma ilegal, sem declarar à Receita Federal. Por lei, qualquer bem com valor acima de US$ 1 mil precisa ser declarado, e os impostos, recolhidos imediatamente.

Após a apreensão das joias, foram realizadas ao menos quatro tentativas, por parte do governo, de retirar os itens da alfândega. A última delas teria ocorrido dois dias antes do fim do mandato, em 29 de dezembro do ano passado.

Contudo, Bolsonaro conseguiu colocar as mãos em um segundo pacote, trazido pela mesma comitiva, contendo uma caneta, um anel, um relógio, um par de abotoaduras e uma espécie de rosário, conseguiu passar de forma ilegal.

De outubro de 2021 a novembro de 2022, esse pacote ficou escondido e sem registro oficial. As joias presentes nele só foram incorporadas ao patrimônio da União 13 meses depois.

Sumiço

Um documento oficial emitido pelo governo brasileiro e assinado pelo ex-ministro Bento Albuquerque, endereçado ao príncipe da Arábia Saudita, dá conhecimento do recebimento de joias presenteadas ao Brasil e informa que estas foram “incorporadas à coleção oficial brasileira”, conforme determina “a legislação nacional e o código da administração pública”.

Contudo, essas joias desapareceram do acervo da Presidência da República. Bolsonaro surrupiou as joias quando foi embora do Planalto. Levou como se fosse um bem pessoal, quando na verdade as joias são da União.

Hoje cinco instituições investigam o caso das joias de Jair e Michelle Bolsonaro. Aquele que sempre fez discurso anticorrupção, em nome da moral e dos bons costumes, está sendo mais uma vez investigado por corrupção. Especialistas apontam que o ex-presidente genocida poderá responder pelos crimes de lavagem de dinheiro, desvio de recursos públicos (peculato), descaminho e delitos de natureza tributária.

Saiba mais

Militares no ‘olho do furacão’

No mínimo sete militares estão envolvidos no caso das joias. Foram eles que trouxeram as joias de forma ilegal e tentaram recuperar o pacote apreendido pela Receita Federal.

Os militares são:

– Bento Albuquerque: almirante de Esquadra da Marinha, era ministro de Minas e Energia no governo Bolsonaro e liderou a comitiva que tentou entrar com as joias irregularmente no Brasil;

– Marcos André dos Santos Soeiro: tenente da Marinha, era o assessor do ministro Bento Albuquerque e foi quem teve as joias apreendidas em Guarulhos, ao tentar entrar no país sem declarar que estava com os presentes;

– Julio Cesar Vieira Gomes: ex-oficial da Marinha do Brasil, era o secretário que comandava a Receita Federal na gestão Bolsonaro, e atuou para tentar liberar as joias;

– José Roberto Bueno Junior: contra-almirante da Marinha, foi chefe de gabinete de Bento Albuquerque e assinou ofícios da Pasta, tentando liberar as joias apreendidas em Guarulhos;

– Mauro Cid: tenente-coronel do Exército, cumpriu a ordem de Bolsonaro e enviou um emissário em avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para tentar retirar as joias apreendidas de Guarulhos;

– Jairo Moreira da Silva: primeiro-sargento da Marinha, enviado por Bolsonaro até Guarulhos para tentar retirar as joias dos cofres da alfândega;

– Cleiton Henrique Holzschuk: segundo-tenente do Exército, era assessor da Ajudância de Ordens do Gabinete Pessoal do Presidente da República e enviou ofício do departamento que pedia a liberação das joias.

Cadeia neles!

Basta de impunidade

Bolsonaro e sua família são investigados por vários crimes. O caso das joias é mais um na lista. Mesmo com toda a repercussão, ninguém até agora foi preso.

As joias seguem com a família Bolsonaro. O ex-presidente, que já deveria estar preso pela tentativa de golpe no dia 8 de janeiro, segue impune e vivendo numa boa nos Estados Unidos.

Negócio das arábias

É preciso investigar a fundo, pois não é todo dia que um presidente recebe joias de presente nas cifras de milhões. Aponta-se, inclusive, que tais presentes poderiam ser propinas relacionadas à privatização da refinaria da Petrobras localizada na Bahia, a RLAM, comprada a preço de banana por um consórcio árabe.

Todos esses fios devem ser conectados e investigados. Bolsonaro e os militares envolvidos devem ser punidos. As joias devem ser devolvidas ao acervo da União. Basta de impunidade!