Caminhada em Belo Horizonte
Fernanda Oliveira

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Na capital brasileira com maior taxa de demissões – 64.246 apenas em dezembro -, o Ato Estadual em Defesa do Emprego e dos Direitos reuniu cerca de 500 trabalhadores nessa quinta-feira, 12 de fevereiro. Os manifestantes fizeram uma caminhada pela cidade e entregaram uma pauta de reivindicações à Fiemg, representante dos patrões, à Prefeitura de Belo Horizonte (governada por PT/PSB) e à Assembléia Legislativa de MG.

“Os governos primeiro socorreram os bancos, agora, iremos lutar para que impeçam as demissões e socorram os trabalhadores”, afirmou Giba, metalúrgico militante do PSTU, representando a Federação Democrática dos Metalúrgicos de MG durante a mobilização.

O PSTU, a Conlutas e mais 25 entidades, movimentos e partidos lançaram um manifesto estadual que exige dos governos e dos empresários: estabilidade já,
via decretos que impeçam as empresas de demitirem; redução da jornada para 36 horas, sem redução de salários, para garantir emprego a todos; isenção de tarifas (IPTU, água e luz) para os desempregados, entre outras reivindicações (veja no final da matéria).

“Esse ato vem mostrar que os trabalhadores não estão parados, que temos condições e soluções para combater a crise”, disse Hylio Batista, do Sindicato dos Metalúrgicos de Itaúna e Região. Para ele, “é muito importante chamar a unidade de todos nessa luta contra o desemprego, pois se aceitarmos a redução de direitos proposta pelas empresas, jamais iremos conseguir voltar ao patamar de hoje, que já é baixo”.

Assinam o manifesto PSTU, P-SOL, PCB, PCR, Conlutas, Intersindical, Federação Democrática dos Metalúrgicos, MST-MG, Via Campesina, além de outros setores afetados pela crise, como os trabalhadores da educação e saúde, estudantes, movimento de mulheres, de luta pela terra e pela moradia, entre outros.

Demissões em massa
Na cidade do metalúrgico Hylio, Itaúna, um terço da categoria perdeu o emprego. Muitos municípios menores estão ameaçados, com 30 a 40% de trabalhadores desempregados. Somente em Betim, cidade da Região Metropolitana de BH e pólo da indústria automobilística no Estado, o Grupo FIAT e outras empresas já demitiram cerca de 13 mil trabalhadores, segundo informações da grande imprensa. Não à toa, a mídia nomeou a região metropolitana de BH de capital nacional do desemprego.

Durante a entrega da pauta de reivindicações à direção da Fiemg, o depoimento dos metalúrgicos da capital e de sete cidades do interior reforça o cenário de recessão e a necessidade de intervenção dos governos para proteger os trabalhadores. Dos mais de 88 mil postos de trabalho fechados em Minas, 35 mil são no setor metalúrgico.

Além disso, diversas gigantes do setor estão implementando revisão dos acordos coletivos, redução salarial e suspensão dos contratos de trabalho, especialmente nas bases dos sindicatos ligados à CUT e à Força Sindical. “Os empresários estão implementando medidas paliativas e que não ajudam a sociedade, pois a crise não é passageira e o desemprego virá. Os governos e os patrões precisam garantir o emprego dos trabalhadores e têm condições de fazer isso”, afirmou Giba durante a reunião.

“Nós que somos socialistas sabemos que essa não é somente uma crise financeira, mas de superprodução. Essa recessão agora as empresas usam para retirar direitos dos trabalhadores, garantidos com muita luta, e também pra reduzir salários e continuar aumento a exploração. Eles aproveitam e querem jogar nas costas dos trabalhadores uma crise que eles criaram”, explicou Aldieri Pereira, militante do PSTU e do Sindicato dos Metalúrgicos de Pirapora, norte de MG.

PAUTA DE REIVINDICAÇÕES:
1.
Nenhuma demissão: reintegração de todos os trabalhadores demitidos
2. Pela manutenção dos direitos conquistados pelos trabalhadores em décadas de luta
3. Redução da jornada de trabalho para 36 horas semanais, sem redução de salário, para que todos possam trabalhar
4. Que os governos federal, estadual e as prefeituras tomem medidas que garantam a estabilidade no emprego por dois anos; mudança do modelo econômico neoliberal
5. Isenção de tarifas da Cemig, Copasa e passe livre para os desempregados.
6. Extensão do seguro desemprego para dois anos
7. Reestatização da Vale e estatização das empresas que demitirem em massa
8. Nenhum corte no Orçamento Público de Minas e dos Municípios em 2009

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