Desde o dia 13, os trabalhadores dos Correios decretaram greve por tempo indeterminado. O Opinião Socialista entrevistou Geraldo Rodrigues, o Geraldinho, dirigente da categoria, que faz uma avaliação da greve e do papel dos sindicalistas governistas.Opinião – Qual é a situação atual da greve nacional dos trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT)?
Geraldo Rodrigues – Dos 35 sindicatos filiados a Federação, 34 estão em greve. Atingimos um percentual de mais de 80% de paralisação em todo o país. Apesar de os sindicalistas governistas terem tentado, até a última hora, construir uma proposta rebaixada, eles não conseguiram. A proposta que construíram, ao ser levada à categoria, foi rejeitada. Isso deixou os sindicalistas em maus lençóis com a direção da empresa. A greve também apresenta outro elemento que a impulsiona: a falta de efetivo, pois saíram, nos últimos dois anos, mais de 10 mil trabalhadores, mas a empresa não contratou ninguém.
Quais são as principais reivindicações e o que o governo propõe?
Geraldo – As principais reivindicações da categoria são a reposição da inflação de 7,16%; R$ 400 reais de aumento real; reposição das perdas de 24,87%, referente ao período de 1994 a 2010. Já a empresa ofereceu 6,87%, referente à inflação; R$ 50 reais de aumento real a ser pago em janeiro de 2012. Mas a categoria rejeitou essa proposta rebaixada da empresa, nas assembleias do dia 13 de setembro, quando foi decretado a greve nacional.
Como vocês estão fazendo a discussão da MP 532 na greve?
Geraldo – Estamos discutindo com a categoria a importância de colocar como um dos eixos da greve a exigência ao governo Dilma da revogação da MP 532. Essa medida vai privatizar a Empresa de Correios e Telégrafos, piorar os serviços prestados e precarizar as relações de trabalho. Infelizmente, porém, só quem está fazendo isso são os sindicatos da FNTC [Frente Nacional dos Trabalhadores dos Correios]. Os sindicatos governistas não fazem esta discussão com a categoria. Porque sempre apoiaram a Medida Provisória, que, para eles, significa “modernização” dos Correios.
Como a FNTC avalia a postura da Fentect na greve?
Geraldo – Avaliamos que a Fentect [Federações Nacional dos Trabalhadores em Empresas dos Correios] e a maioria dos sindicatos governistas ligados a CUT/PT e CTB/PCdoB, não queria de forma alguma essa greve. Fizeram de tudo, até a última hora, para evitá-la. Como não foi possível e a greve saiu, agora estão ficando desesperados para encontrar uma saída para acabar com a greve.
A FNTC é uma frente nacional, composta por seis sindicatos e pela maioria da diretoria do SINTECT-RS (todos filiados a FENTECT) e pelas oposições sindicais de São Paulo, Distrito federal, Santa Catarina e Rio de janeiro. Essa frente surgiu a partir dos inúmeros golpes e traições impostos pela maioria governista da direção da Federação, depois da imposição do acordo bianual, quando a maioria dos sindicatos (chamado de Bloco dos 17) recusaram a proposta da empresa, em 2009. Mas mesmo assim, utilizando-se de várias manobras, os governistas impuseram a assinatura do acordo, tudo para garantir o apoio à eleição de Dilma, em troca de cargos no governo e nos Correios.
Post author Jeferson Choma, da redação
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