Os dias 5 e 6 de agosto de 2003 entrarão para a história do movimento operário brasileiro. O governo do PT utilizou da repressão policial, da compra de votos e consolidou sua submissão aos interesses do capital internacional, conseguindo com isso a maioria no Congresso para aprovar em primeiro turno a reforma da Previdência. A linha divisória entre o governo e os milhares de servidores públicos, antes expressa no debate político, tomou a forma de uma barreira de classe: no Congresso uma votação pró FMI, nas ruas uma barricada. Esse enfrentamento só admitiu dois lados: os que estavam com o governo e o capital e os que lutavam contra. Depois disto, nada mais será como antes.
TERÇA: PT ANTECIPA VOTAÇÃO E FECHA CONGRESSO
PT pagou com traição, a quem sempre lhe deu a mão
O presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP), antecipou em um dia a votação da reforma para evitar a presença dos milhares de servidores que chegariam no dia seguinte.
Demostrando como funciona sua democracia, o presidente da Câmara mandou impedir a entrada na casa do povo, dos servidores que seriam afetados com a reforma: Polícia de Choque no Congresso e galerias vazias.
Por volta do meio-dia, caravanas começavam a chegar dos estados e se concentravam numa lona armada na explanada dos ministérios. Cerca de três mil trabalhadores foram informados pela comissão que tentava negociar a entrada de servidores nas galerias que: apesar do Supremo Tribunal Federal (STF) ter concedido liminar que dava acesso às galerias a dirigentes de várias entidades nacionais (ANDES, Unafisco, Fenajufe) João Paulo (PT-SP) se negava a cumprir a decisão judicial. Ele queria confinar os servidores na rua, fora até do pátio do anexo.
O respeito à lei e à ordem, defendido insistentemente pelos dirigentes do PT e do governo, expressou aí, de forma nua e crua, seu conteúdo de classe. Ao controlar o aparelho repressivo do Estado, o deputado do PT colocou a PM para barrar os 161 sindicalistas que tinham ordem judicial para entrar nas galerias.
Os sindicalistas, com a ordem judicial na mão, não puderam acionar a PM para garantir fazer valer o cumprimento da liminar. Bem ao contrário da Volkswagen que de posse de sua liminar teve a polícia à sua disposição contra os sem-teto. No Congresso, foi João Paulo (PT-SP) quem teve o poder de utilizar a repressão para garantir o interesse da burguesia e do imperialismo: galerias vazias e tranqüilidade aos senhores deputados para atacar os trabalhadores.
Diante disto, os trabalhadores abriram caminho entre as grades e a segurança da Câmara, que impedia o acesso à porta de entrada do pátio interno. Quando chegaram na porta, foram barrados um cordão policial que os impediu de entrar no Congresso.
Numa luta desigual, policiais com porretes e gás lacrimogêneo mediram força contra servidores desarmados por mais de 20 minutos. Porém, caso os trabalhadores conseguissem ultrapassar esta segunda barreira, encontrariam o batalhão de choque dentro do Congresso e uma segunda unidade logo adiante.
Após muito enfrentamento, foi autorizada a permanência dos trabalhadores no pátio interno e criada uma linha divisória entre os PMs e os manifestantes, que passariam a acompanhar a votação de sua posição conquistada.
Enquanto a votação acontecia, mais delegações de servidores chegavam dos estados e engrossavam o grupo inicial que conquistou o espaço. No carro de som do Sindicato dos Servidores da UNB, vários oradores de diversas entidades do funcionalismo expressavam sua indignação.
Também falaram Zé Maria, pelo PSTU, os deputados Babá, Luciana Genro e João Fontes, a senadora Heloísa Helena, além do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos.
Post author João Ricardo Soares,
enviado a Brasília
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